Congresso Pernambucano de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

Relato de Caso acerca da Tromboangeíte Obliterante: Uma Forma Rara de Inflamação Não Aterosclerótica dos Vasos.

Introdução/Fundamentos

A tromboangeíte obliterante (TAO) ou doença de Buerger, é uma rara inflamação não ateromatosa de vasos sanguíneos de pequeno e médio calibre, associada ao uso de tabaco. Caracteriza-se por inflamação dos vasos e trombose luminal, resultando em úlceras dolorosas ou gangrena, podendo estar associada ao fenômeno de Raynaud e tromboflebite migratória superficial.

Objetivos

Relatar o caso de um paciente com TAO, destacando características clínicas, desafios diagnósticos e estratégias de manejo para aumentar a compreensão da doença na comunidade cientifica.

Descrição do Caso

S.S.F., masculino, 44 anos, hipertenso e tabagista há 25 anos, apresentou em 01/2023 hipoestesia e disestesia nos pododáctilos bilaterais, seguidas de cianose, fenômeno de Raynaud e dores intensas (EVA 10) aliviadas por anti-inflamatórios não hormonais (AINH), evoluindo para úlceras dolorosas e claudicação. Com base nas manifestações, levantou-se a hipótese de TAO e prosseguiu-se com a investigação de diagnóstico diferencial. Exames laboratoriais para doenças autoimunes, diabetes mellitus e estados de hipercoagulabilidade foram normais. O Doppler de artérias descartou aterosclerose, mas não evidenciou redução de fluxo sanguíneo, apesar de áreas de necrose no exame físico do paciente; e o ecocardiograma excluiu êmbolos. A arteriografia, o padrão-ouro, não foi recomendada pelos angiologistas devido à sua ineficácia na visualização de artérias de pequeno calibre. As condutas médicas, realizadas pela reumatologia em conjunto com o vascular, incluíram a cessação do tabaco e prescrição de pregabalina para controle da dor, mas foi suspensa devido ao baixo sucesso. Para a doença, prescreveu-se cilostazol, mas foi interrompido por arritmia intensa e substituído por aspirina, atualmente em uso. Para controle da dor e, considerando o afastamento das atividades laborais, foi introduzida a duloxetina, com efeito positivo. Foi discutido com o angiologista a possibilidade de punção com vasodilatador e, se necessário, bloqueio simpático do gânglio estrelado para controle da dor.

Conclusões/Considerações Finais

O caso ilustra a complexidade e dificuldade diagnóstica da TAO, devido à necessidade de excluir outras patologias como diagnóstico diferencial frente à falta de critérios diagnósticos definitivos. A extensa investigação e o manejo multidisciplinar enfatizam a natureza ainda pouco conhecida da TAO e a necessidade de intervenções personalizadas conforme a resposta do paciente.

Área

Tema Livre

Instituições

Centro Universitário Maurício de Nassau - Pernambuco - Brasil, Hospital Universitário Oswaldo Cruz - Pernambuco - Brasil

Autores

RODRIGO HENRIQUE LINO DOS SANTOS, MIRELLA DA LUZ PARENTE SAMPAIO, ISABELA JUSTINO DE VASCONCELOS, VINÍCIUS RAMOS RIBEIRO, MARIA HELENA QUEIROZ DE ARAÚJO MARIANO