Congresso Pernambucano de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

Anemia aplástica em paciente jovem secundária à deficiência de GATA2: um relato de caso

Introdução/Fundamentos

A anemia aplástica (AA) caracteriza-se por pancitopenia e hipocelularidade da medula óssea, sem a evidência de fibrose ou infiltração neoplásica. Dentre as causas congênitas destaca-se a deficiência de GATA2, síndrome genética de padrão autossômico dominante, a qual predispõe a infecções oportunistas e alterações hematológicas.

Objetivos

Relatar caso de paciente com diagnóstico de AA secundária à deficiência de GATA2.

Descrição do Caso

Homem, 28 anos, admitido para investigação de astenia, anorexia e perda ponderal de 10kg em um ano, associado à febre, pancitopenia e linfonodomegalias generalizadas. Possuía histórico de infecções dermatológicas de repetição desde a infância, linfedema crônico em membro superior esquerdo, além de verrugas vulgares secundárias ao papilomavírus humano em região perianal e quirodáctilos. Iniciada investigação com biópsia excisional de linfonodo supraclavicular, cujo resultado sugeriu doença granulomatosa de origem infecciosa, com testes negativos para infecções fúngicas ou micobacterianas. Realizados mielograma e biópsia de medula óssea que confirmaram o diagnóstico de AA, sendo excluídas causas secundárias através da pesquisa negativa para hemoglobinúria paroxística noturna, sorologias para bartonelose, doenças sexualmente transmissíveis, citomegalovírus, micobactérias tuberculosas e não tuberculosas, além de lavado broncoalveolar com GenXpert e galactomanana negativos. Diante de febre persistente, aberto protocolo de febre de origem indeterminada, com fundoscopia e ecocardiograma normais, porém com PET-CT evidenciando linfonodomegalias mediastinais e axilares de aspecto necrótico com intensa atividade glicolítica, sugerindo doença granulomatosa ativa. Frente ao contexto infeccioso prévio e atual do paciente, realizado painel genético para pesquisa de imunodeficiências primárias com identificação de variante heterozigótica no gene GATA2, confirmando o diagnóstico etiológico da AA. Iniciado tratamento empírico para micobacterioses típicas e atípicas pela predisposição da síndrome, além de infusões mensais de imunoglobulina humana. Paciente evoluiu afebril, prosseguindo com o transplante de medula óssea e recuperação completa dos níveis hematimétricos.

Conclusões/Considerações Finais

Conclusão: A AA secundária à deficiência de GATA2 é uma rara condição de saúde com poucos dados na literatura, amplo espectro de fenótipos clínicos e, ainda, muitas lacunas com relação ao manejo ideal dos pacientes acometidos.

Área

Tema Livre

Instituições

Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco - Pernambuco - Brasil

Autores

FERNANDA MELO CAVALCANTI DE SA, THIAGO ARAUJO OLIVEIRA, JOÃO VITOR COUTINHO FERNANDES, LUCAS RAMPAZZO DINIZ, PEDRO ALVES GOUVEIA DA CRUZ