Congresso Pernambucano de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

Oftalmopatia de Graves eutireoidiana com anticorpo anti-receptor de TSH negativo: um relato de caso

Introdução/Fundamentos

A oftalmopatia de Graves (OG) é uma doença autoimune caracterizada por alterações inflamatórias da órbita e dos tecidos retro orbitários. A OG ocorre classicamente em pacientes com hipertireoidismo, mas 5-10% dos casos podem ocorrer com função tireoidiana normal, conhecida como oftalmopatia de Graves eutireoidiana (OGE). Na OGE, o diagnóstico é apoiado pela presença de autoanticorpos, sendo o anticorpo anti-receptor de TSH (TRAb) a marca patológica da doença. Entretanto, a ausência de autoaticorpos na OGE vem tornando-se uma entidade rara relatada na literatura, trazendo desafios diagnósticos.

Objetivos

Relatar caso de paciente com OGE com TRAb negativo.

Descrição do Caso

Homem, 57 anos, admitido em hospital terciário para investigação de proptose ocular bilateral progressiva há 5 anos. Relatava baixa acuidade visual, dor e restrição da movimentação ocular. O exame oftalmológico demonstrou miopatia ocular restritiva, neuropatia óptica e proptose ocular grave em ambos os olhos, além de aumento da pressão intraocular bilateral. Durante a investigação, tomografia computadorizada e ressonância magnética de órbita mostraram proptose grau III bilateral associada a espessamento dos músculos reto inferior e reto medial, com preservação dos tendões. Os exames de tireoide, incluindo TSH, T4 livre, anticorpo antitireoglobulina e TRAb estavam dentro dos limites da normalidade. O paciente foi submetido à descompressão orbitária cirúrgica transnasal sem intercorrências. O estudo histopatológico do material cirúrgico obtido descartou doenças granulomatosas infiltrativas ou neoplásicas.

Conclusões/Considerações Finais

A OGE pode inicialmente apresentar-se com autoanticorpos tireoidianos negativos. Isso porque os níveis de TRAb em pacientes com OGE são conhecidos por serem baixos e diminuírem ao longo do tempo, podendo a sensibilidade dos testes variarem com o estágio da doença. Ademais, os níveis de TRAb correlacionam-se com a gravidade da OG, com relatos de TRAb negativo em fenótipos mais leves ou em estágios iniciais. Assim, pacientes com características clínicas e radiológicas sugestivas da oftalmopatia devem ser cuidadosamente avaliados com exames de imagem mesmo quando a função tireoidiana e os autoanticorpos estiverem normais. Esses pacientes também devem ter um acompanhamento regular após o diagnóstico, dado o tempo variável entre o início dos sintomas de disfunção tireoidiana e o surgimento da doença orbitária na doença de Graves.

Área

Tema Livre

Instituições

Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco - Pernambuco - Brasil

Autores

FERNANDA MELO CAVALCANTI DE SA, JOYCE MAIA ARCA, LUÍS HENRIQUE DE ALBUQUERQUE LEÃO, BRUNA RAPOSO MAIA, TÁCIO SALAMÉ HERSZENHORN