Congresso Pernambucano de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

Hipertensão acelerada maligna como causa de doença renal terminal em paciente jovem: relato de caso

Introdução/Fundamentos

A hipertensão maligna é caracterizada por elevação importante de pressão arterial e dano microvascular agudo em múltiplos órgãos, principalmente a retina, sistema nervoso central e rins. Apesar de também se apresentar em portadores de hipertensão essencial com má adesão terapêutica, até 60% dos casos ocorrem de novo, com apresentação clínica e prognóstico semelhantes. A nefroesclerose hipertensiva maligna é uma das principais causas de morte em pacientes com hipertensão arterial maligna.

Objetivos

Relatar caso de nefroesclerose hipertensiva maligna com evolução para doença renal terminal em mulher jovem sem diagnóstico prévio de hipertensão arterial.

Descrição do Caso

Mulher, 50 anos, sem comorbidades prévias conhecidas, admitida na emergência com cefaleia intensa, sonolência, desorientação e diminuição da acuidade visual há 1 dia. Apresentava dor abdominal difusa e pressão arterial de 220x136 mmHg.
Os exames admissionais evidenciaram anemia normocítica e normocrômica, além de disfunção renal importante com hipercalemia e acidose metabólica. No sumário de urina, apresentava hematúria e proteinúria. Paciente evoluiu com manutenção da desorientação e necessidade de terapia anti-hipertensiva venosa, sendo transferida para unidade de terapia intensiva e indicada hemodiálise por acidose metabólica refratária.
Solicitada investigação da anemia, com achado de reticulocitose, aumento de desidrogenase láctica e ferritina, além de consumo de haptoglobina, Coombs direto e fator antinuclear negativos. Diante de suspeita de nefroesclerose hipertensiva maligna, realizada fundoscopia com achado de hemorragia retiniana à esquerda, neovasos e exsudatos duros bilaterais.
Paciente evoluiu com bom controle pressórico com múltiplos anti-hipertensivos orais, conseguindo desmame de terapia venosa e alta da UTI. Realizada ultrassonografia de rins com perda de diferenciação corticomedular, com impressão de não benefício de biópsia renal por cronicidade da lesão renal. A paciente não demonstrou sinais de recuperação de função renal e recebeu alta hospitalar para continuidade de hemodiálise em clínica satélite.

Conclusões/Considerações Finais

Até dois terços dos pacientes com hipertensão maligna apresentam disfunção renal e proteinúria no diagnóstico. A nefroesclerose hipertensiva maligna possui mau prognóstico renal, sendo a lesão renal aguda oligúrica, rins de tamanho normal e microangiopatia trombótica fatores de bom prognóstico. O controle pressórico intensivo é primordial para redução de complicações cardiovasculares e renais.

Área

Tema Livre

Instituições

Hospital Miguel Arraes - Pernambuco - Brasil

Autores

FERNANDA SARUBBI SELVA, LUCAS PRYSTHON MELLO DE ALBUQUERQUE CARDOSO, GUILHERME AFONSO FERREIRA COELHO SILTON, MARIA BEZERRA GOMES PEREIRA, HUGO COENTRO GOMES LEAL