Congresso Pernambucano de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

MANIFESTAÇÃO GRAVE ESOFÁGICA EM PACIENTE COM ESCLEROSE SISTÊMICA: UM RELATO DE CASO

Introdução/Fundamentos

A esclerose sistêmica (ES) é uma rara doença autoimune do tecido conjuntivo, caracterizada por fibrose progressiva da pele, articulações e órgãos internos, além de anormalidades de vasos sanguíneos. Cerca de 90% dos pacientes com ES expressam manifestações esofágicas, evidenciando uma multiplicidade de apresentações clínicas para tais disfunções. Meteorismo, dismotilidade esofagiana, náusea, diarreia e constipação constituem o espectro clínico de sintomas de tal acometimento. Complicações gastrointestinais graves ocorrem em 8% dos pacientes, sendo a 4ª causa mais comum de mortalidade nesses casos.

Objetivos

Descrever o caso de paciente com esclerose sistêmica com estenose esofágica como complicação incapacitante.

Descrição do Caso

Paciente feminina, 49 anos, diagnosticada há 22 anos com esclerose sistêmica, de acometimento sobretudo pulmonar e esofágico. Cursa com fenômeno de Raynaud, disfagia, rouquidão, micrognatia, úlceras digitais e, à imagem, padrão sugestivo de pneumopatia intersticial inespecífica (PINE). Deu entrada em hospital terciário com quadro de piora da dispnéia (escala mMRC 4), associado a febre e tosse secretiva. Sendo assim, foi admitida em serviço terciário e, identificado quadro clínico e laboratorial (PCR: 63,7 mg/dL; leucócitos: 18.890 mg/dL) sugestivos de exacerbação infecciosa, realizada antibioticoterapia endovenosa com Piperacilina e Tazobactam. Do ponto de vista esofágico, paciente vinha apresentando disfagia progressiva, com piora há 5 meses, além de perda ponderal importante (15kg), evoluindo durante internamento, em contexto infeccioso, com incapacidade de deglutir sólidos e líquidos, sendo indicada passagem de sonda nasoenteral. Pela disfagia muito expressiva, procedeu-se terapia com imunoglobulina (2 ciclos de 4 frascos/dia por 5 dias) e inserção de gastrostomia. Observada boa resposta clínica e melhora na deglutição líquido-pastosa, recebeu alta hospitalar com orientação para seguimento a nível ambulatorial.

Conclusões/Considerações Finais

A associação entre ES e acometimento esofágico já é bem estabelecida. No entanto, sua ocorrência ainda traz impactos negativos e potencialmente graves, como má absorção e desnutrição, redução da qualidade de vida e morbidade e mortalidade elevadas. A abordagem multidisciplinar é imprescindível para o manejo sistemático tanto das manifestações quanto das complicações da ES.

Área

Tema Livre

Instituições

Universidade de Pernambuco - Pernambuco - Brasil

Autores

LAURA MARGARIDA VEIGA PEREIRA, Milena Karla da Silva Vasconcelos, Maria Eduarda Cavalcanti Accioly, Sara Maria Soares McGill, Camila Maria Silvestre de Albuquerque