Congresso Pernambucano de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

Ascite mixedematosa como queixa principal de paciente com hipotireoidismo: relato de caso.

Introdução/Fundamentos

O hipotireoidismo é uma doença comum, que acomete cerca de 4% da população mundial. A ascite como complicação do hipotireoidismo é uma apresentação rara, que pode acometer 4% dos pacientes com tal patologia e sendo responsável por 1% das causas de ascite no geral.
O estudo do líquido geralmente evidencia aumento de proteína e a confirmação se dá retrospectivamente com o tratamento da doença de base.

Objetivos

Relatar o caso de ascite mixedematosa como queixa principal de paciente com hipotireoidismo.

Descrição do Caso

Masculino, 62 anos, sem comorbidades conhecidas, procurou emergência por quadro de constipação associado a dor e aumento de volume abdominal de início há 08 dias.
À admissão, realizada tomografia (TC) de abdome com sinais de hepatopatia crônica, ascite moderada e espessamento colônico. O mesmo referia fraqueza importante em membros inferiores, além de, ao exame, apresentar madarose bilateral. Por queixa de dor abdominal e ascite de diagnóstico recente, realizado estudo de líquido ascítico (Gradiente de albumina soro-ascite (GASA) 0,9/ Proteínas 4,4g/dL/ Albumina 2,9g/dL/ Celularidade 330/mm3/ Lactato desidrogenase 317U/L/ Glicose 86mg/dL/ Amilase 40U/L/ Adenosina deaminase 4,4U/L) evidenciando um líquido não sugestivo de hipertensão portal e proteína aumentada. Além disso, devido a queixa de fraqueza e madarose, solicitada função tireoidiana, sendo então diagnosticado hipotireoidismo (Hormônio tireoestimulante 58µUI/mL/ T4 livre < 0,3µg/dL / Anti tireoperoxidase 233IU/mL).
Realizou colonoscopia por espessamento evidenciado em TC, sem achados. Como paciente sem outras queixas, com demais estudos para diagnóstico etiológico de líquido ascítico não elucidativos e hipotireoidismo recém diagnosticado, optado por iniciar tratamento com levotiroxina e acompanhar ambulatorialmente visto possibilidade desta ser a etiologia da ascite.
O paciente retorna ao ambulatório 2 meses após, referindo melhora, com resolução da ascite, confirmando a hipótese de ascite mixedematosa.

Conclusões/Considerações Finais

O diagnóstico da ascite mixedematosa pode ser desafiador. Algumas séries de caso demonstram que o GASA não seria tão útil para o diagnóstico, o que se mostra consistente nos casos relatados é o aumento na proteína do líquido (> 2,5mg/dL). O reconhecimento dessa causa de ascite pode poupar o paciente do uso de diuréticos e demais procedimentos diagnósticos. Um fato que chama atenção na literatura é a remissão completa da ascite após o tratamento da doença de base, sendo também usado no auxílio do diagnóstico.

Área

Tema Livre

Instituições

Hospital Miguel Arraes - Pernambuco - Brasil

Autores

FELIPE LEITE VILAÇA TORRES PINTO, MARIA RUTH TAVARES ARARUNA , KARINE DE LIMA FIGUEIRAS, JOANA VIEIRA CAVALCANTI, BIANCA RODRIGUES CASTELO BRANCO ROCHA