Congresso Pernambucano de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

PNEUMONIA EM ORGANIZAÇÃO CRIPTOGÊNICA: UM DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE PNEUMONIA REFRATÁRIA

Introdução/Fundamentos

A pneumonia em organização criptogênica (COP) é uma reação inflamatória pulmonar que resulta no preenchimento das vias aéreas distais por exsudato fibrinoso e células inflamatórias, sem comprometimento da arquitetura pulmonar. Por sua sintomatologia inespecífica e padrão predominante de consolidação, possui um atraso diagnóstico em média de 6 a 10 semanas, sendo conduzida muitas vezes como uma pneumonia bacteriana resistente.

Objetivos

Relatar um caso de COP, reforçando a importância de pensar diagnósticos diferenciais diante de ausência de resposta terapêutica.

Descrição do Caso

Feminino, 40 anos, sem comorbidades prévias, admitida em hospital terciário por queixa de astenia progressiva há 2 meses, associado a febre vespertina, tosse, sudorese noturna e perda de 6kg não intencional. Realizou radiografia de tórax ambulatorialmente no início do quadro, com consolidação, sendo conduzida como pneumonia bacteriana, com prescrição de múltiplos esquemas antibióticos sem resposta clínica. Diante disso, foi admitida para elucidação diagnóstica. Realizou tomografia de tórax que evidenciou consolidações extensas com predomínio periférico e nos lobos inferiores associadas a nódulos do espaço aéreo subpleurais e opacidades em vidro fosco nos lobos inferiores, achados compatíveis com pneumonia em organização, participando do diagnóstico diferencial infecção e vasculite pulmonar. Nesse contexto, optado por início de prednisona 40mg/dia e solicitado painel autoimune com FAN, FR, ANCA, HBS-AG, VDRL, anti-HIV, anti-HCV negativos e CPK normal. No internamento, foram realizadas também baciloscopia e cultura de escarro para germes típicos e atípicos negativas, e biópsia transbrônquica com tecido pulmonar sem particularidades e ausência de granulomas. Diante de padrão clínico-radiológico compatível e resposta satisfatória à corticoterapia foi estabelecido diagnóstico de COP, e optado por acompanhamento ambulatorial para seguimento longitudinal de possíveis gatilhos para COP secundária e desmame de corticoterapia.

Conclusões/Considerações Finais

A COP é um diagnóstico raro com sintomas inespecíficos que se sobrepõe a outras patologias. Dessa forma, é necessário que essa condição participe do diagnóstico diferencial em casos com resposta insatisfatória a terapêutica padrão ou evolução clínica desfavorável, por apresentar excelente resposta clínica e bom prognóstico após corticoterapia adequada.

Área

Tema Livre

Instituições

IMIP - Pernambuco - Brasil

Autores

MARIA TERESA WALLACH GRACILIANO, ANA PAULA SANTOS DA SILVA CALÁBRIA, MÁRIO FERREIRA DE ALMEIDA FILHO, GUSTAVO HENRIQUE ALCÂNTRA BATISTA MELO, AMANDA DA SILVA BRITO