Congresso Pernambucano de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

Prolapso genital secundário a ascite volumosa por quadro de doença hepática crônica: um relato de caso.

Introdução/Fundamentos

O prolapso genital ocorre quando os tecidos que sustentam os órgãos pélvicos enfraquecem ou se danificam, levando ao descenso. Multiparidade, envelhecimento e aumento da pressão intra-abdominal são fatores de risco. Dessa forma, acredita-se que a ascite contribua para desenvolver prolapso genital devido à sobrecarga abdominal e consequente enfraquecimento do assoalho pélvico, mas são poucos os casos descritos na literatura.

Objetivos

Descrever o caso de paciente com doença hepática crônica que desenvolveu prolapso genital secundário a ascite.

Descrição do Caso

Mulher, 50 anos, nulípara, diagnosticada há oito anos com doença hepática crônica (DHC) secundária à esquistossomose acompanhada ambulatorialmente em hospital terciário pela hepatologia em processo de viabilização de condição especial de transplante devido a ascite refratária e volumosa, com necessidade de paracenteses de repetição por difícil manejo de diureticoterapia. Após comparecer à consulta devido exames laboratoriais sugestivos de disfunção renal (creatinina de 7,0 mg/dL; ureia de 198 mg/dL), foi optado por internamento na enfermaria da gastrohepatologia para investigação e compensação clínica. Durante o internamento, paciente recusou sonda vesical de demora por sangramento genital e relato de diurese sem alterações. Evoluiu com necessidade de terapia substitutiva renal (hemodiálise) para controle metabólico. Apresentou quadro de protrusão genital parcial e, após 5 dias, evoluiu com sangramento e prolapso uterino total e relato de anúria. Foi solicitada avaliação ginecológica que orientou descompressão peritoneal mediante paracentese esvaziadora (retirada de 8 litros), para reduzir pressão abdominal, e tratamento conservador pelo reposicionamento de órgãos pélvicos e passagem de sonda vesical, com evidência de diurese. Em tomografia de abdome com contraste, evidenciada hidronefrose bilateral e sinais de deslocamento de ureteres devido a prolapso. Acionado equipe da urologia para melhor manejo clínico multidisciplinar.

Conclusões/Considerações Finais

Este relato ilustra como a ascite volumosa, através do aumento de volume e pressão intra-abdominal, pode contribuir como fator de risco para a ocorrência do prolapso genital e disfunção renal em pacientes com diagnóstico de DHC. Esse caso, mesmo incomum, destaca a importância de uma atenção integral e a abordagem ativa de questões uroginecologicas em pacientes com DHC.

Área

Tema Livre

Instituições

Universidade de Pernambuco - Pernambuco - Brasil

Autores

MILENA KARLA DA SILVA VASCONCELOS, ALANA LIRA PINHEIRO de CARVALHO, LETICIA FERREIRA LEAL, MARIA WEDLAYNE PRICILA SILVA