Dados do Trabalho
Título
Microangiopatia trombótica secundária a hipertensão acelerada maligna em uma puérpera com glomeruloesclerose segmentar e focal
Introdução/Fundamentos
Introdução: Hipertensão acelerada maligna (HAM) é uma emergência hipertensiva caracterizada por níveis pressóricos elevados, habitualmente com pressão arterial diastólica acima de 120 mmHg, associada a lesões de órgãos como exsudatos e hemorragias oculares com papiledema e injúria renal. A HAM pode ocasionar microangiopatia trombótica (MAT), que se apresenta usualmente com anemia hemolítica microangiopática, plaquetopenia e disfunção renal. Esta condição apresenta prognóstico ruim, podendo levar a óbito 80% dos pacientes em até 2 anos, caso não seja adequadamente tratada. A HAM pode acometer cerca de 1% dos portadores de hipertensão arterial sistêmica (HAS), sendo pouco descrita em pacientes com glomerulopatias.
Objetivos
Objetivos: Descrever a apresentação de HAM ocasionando MAT em uma paciente puérpera com diagnóstico prévio de glomeruloesclerose segmentar e focal.
Descrição do Caso
Descrição do caso: Feminino, 25 anos, puérpera há 40 dias, internada devido a HAS descompensada, associada a turvação visual, edema de membros inferiores, dispneia e astenia há 21 dias. Apresentava antecedente de hipertensão crônica secundária a glomeruloesclerose segmentar e focal idiopática refratária, com doença renal crônica G5-3A. Ao exame físico: PA 130x90 mmHg, edema 1+/4+, sem outras alterações. Exames admissionais: Creatinina 4,6 mg/dL (prévia 3,2), Hemoglobina 6,5 g/dL (prévia 8,8), DHL 395 U/L, plaquetas 139.000/µL (prévia 281.000), Coombs direto negativo, TGO 22 U/L, TGP 20 U/L. A fundoscopia revelou papiledema, hemorragias em forma de vela e tortuosidade dos vasos. Realizou-se hemotransfusão e ajuste dos anti-hipertensivos orais. Além disso, devido a condição de puerpério e persistência de síndrome nefrótica, foi realizada ressonância magnética, que não mostrou sinais de trombose venosa cerebral ou sinais indiretos de hipertensão intracraniana idiopática. Foi estabelecido o diagnóstico de HAM com MAT secundária a glomerulopatia de base. O tratamento foi estabelecido com controle pressórico, apresentando reversão da MAT e estabilização de função renal, sem necessidade de hemodiálise até o momento.
Conclusões/Considerações Finais
Considerações finais: A associação da HAM com MAT gera um quadro clínico grave que deve ser altamente vigiado devido à alta morbimortalidade. A investigação da etiologia subjacente é fundamental para o tratamento e deve-se levar em consideração a história clínica de HAS e glomerulopatias.
Área
Tema Livre
Instituições
Hospital das Clínicas UFPE - Pernambuco - Brasil
Autores
LÍVIA TENÓRIO ARCELINO DE MACEDO, Matheus Bezerra Alves Gomes, Lia Bastos Lopes, Denise Maria do Nascimento Costa