Congresso Pernambucano de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

CHOQUE CARDIOGÊNICO SECUNDÁRIO A MIOCARDITE POR LEPTOSPIROSE - UMA COMPLICAÇÃO RARA DE UMA DOENÇA ENDÊMICA: RELATO DE CASO

Introdução/Fundamentos

A leptospirose é uma infecção bacteriana zoonótica associada a condições ambientais como enchentes. Sua forma grave clássica, a Síndrome de Weil (SW), envolve icterícia, insuficiência renal e sangramento. Outras complicações graves menos frequentes, como miocardite e choque cardiogênico, tornam o manejo clínico complexo, exigindo uma abordagem intensiva e multidisciplinar para melhorar os desfechos.

Objetivos

Discorrer um caso de miocardite por leptospirose com complicações e evolução grave.

Descrição do Caso

Mulher, 35 anos, previamente hígida, admitida com diarreia, mialgia e febre alta diária há 08 dias e surgimento de icterícia e escarros hemoptóicos há 24h. Residia em domicílio com situação sanitária precária, exposta a águas contaminadas. À admissão apresentava-se taquipneica, ictérica e com nível de consciência flutuante; laboratório exibia azotemia normocalêmica, leucocitose, plaquetopenia, hiperbilirrubinemia direta, aumento de creatinofosfoquinase e de troponina. Aventada hipótese de SW, sendo iniciada antibioticoterapia empírica com Ceftriaxona e transferida para Unidade de Terapia Intensiva onde evoluiu com necessidade de intubação orotraqueal, início de hemodiálise (HD) e uso de vasopressores em doses elevadas para manutenção de hemodinâmica. Optado por monitorização invasiva com cateter de Swan-Ganz para melhor caracterização do choque. Como parâmetros exibiam resistência vascular sistêmica elevada e débito cardíaco diminuído, considerou-se componente cardiogênico do choque como preponderante. Como paciente previamente hígida, quadro de choque cardiogênico foi atribuído à miocardite por processo infeccioso vigente, corroborada por marcadores de lesão miocárdica alterados e sorologias para leptospirose IgM positiva e IgG negativa. Após início de dobutamina conseguiu-se redução gradual e completa dos vasopressores, com melhora de parâmetros hemodinâmicos e extubação após 10 dias de ventilação mecânica. Paciente manteve-se em realização de HD por mais 2 meses, período após o qual observou-se recuperação completa da função renal, recebendo alta hospitalar em boas condições clínicas.

Conclusões/Considerações Finais

Miocardite e choque cardiogênico são complicações raras atreladas à leptospirose. Diante de manifestações sistêmicas graves, medidas invasivas podem possibilitar o correto diagnóstico e manejo assim como reverter complicações potencialmente fatais.

Área

Tema Livre

Instituições

Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP) - Pernambuco - Brasil

Autores

CAIO CESAR DE LIMA SILVA, Bárbara Lettícia da Silva Bastos, Maria Luzia Freire Bezerra de Souza, Maria Teresa Wallach Graciliano, Amanda da Silva Brito