Congresso Pernambucano de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

Síndrome de Grisel associada a espondilodiscite e mielite em paciente de 69 anos: Um relato de caso

Introdução/Fundamentos

A síndrome de Grisel consiste na subluxação não traumática da articulação atlantoaxial. Está relacionada a processos infecciosos e inflamatórios da região da cabeça e pescoço. É uma síndrome rara e ocorre principalmente na infância.

Objetivos

Descrever o diagnóstico e manejo de um paciente com Síndrome de Grisel, destacando a importância da abordagem multidisciplinar.

Descrição do Caso

Paciente masculino, 69 anos, portador de doença renal crônica, em tratamento dialítico (permcath em veia jugular interna direita), internado devido a trombose venosa profunda em membro inferior direito confirmada por ultrassonografia. Após 3 semanas de internamento, evoluiu com infecção de corrente sanguínea relacionada ao cateter com isolamento de Staphylococcus aureus (resistente a oxacilina) em hemoculturas. Foi instituída antibioticoterapia com vancomicina e substituído o acesso vascular para um cateter de curta permanência.
Cinco semanas após a admissão, evoluiu com cervicalgia e cefaleia occipital intensas, realizada ressonância magnética (RM) de crânio sem alterações. Avaliado pela neurologia que considerou cefaleia tensional e iniciou amitriptilina, porém o paciente manteve o quadro e evoluiu com dor intensa à palpação em região cervical à direita, tensão de musculatura cervical ipsilateral, tetraparesia e parestesia em membros inferiores. Nova RM de crânio e cervical revelou processo inflamatório/infeccioso em C1/C2, com compressão medular e tomografia computadorizada (TC) cervical confirmou subluxação atlantoaxial de 5 mm. Como paciente sem histórico de trauma associado, quadro é compatível com síndrome de Grisel.
Diante de infecção vigente, equipe de neurocirurgia recomendou tratamento conservador com colar cervical Philadelphia e posterior reavaliação. Foi associado Meropenem ao esquema antimicrobiano. O paciente evoluiu com melhora da dor cervical, mobilidade do pescoço e força em membros, porém manteve déficit de força em membro superior esquerdo. TC cervical de controle mostrou redução na subluxação, com estabilização atlantoaxial. Após 9 semanas de antibioticoterapia o paciente recebeu alta para seguimento ambulatorial com clínica médica e neurocirurgia.

Conclusões/Considerações Finais

A síndrome de Grisel, embora rara após a infância, pode ocorrer. O tratamento precoce previne complicações neurológicas e cirurgias. O uso de TC e RM é crucial no diagnóstico rápido em casos de dor cervical com limitação de movimento.

Área

Tema Livre

Instituições

Hospital Getúlio Vargas - Pernambuco - Brasil, Universidade Católica de Pernambuco - Pernambuco - Brasil, Universidade Federal de Pernambuco - Pernambuco - Brasil

Autores

ANDRÉ FELIPE UCHÔA LOPES, MARINA MARANHÃO QUEIROZ, ANA LETÍCIA DE SOUZA AQUINO, MAESILLY LIMA VASCONCELOS, SÉRGIO MURILO MACIEL FERNANDES FILHO