Dados do Trabalho
Título
HIPOGLICEMIA DE REPETIÇÃO SECUNDÁRIA A NESIDIOBLASTOSE: UM CASO DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO
Introdução/Fundamentos
A Nesidioblastose resulta do aumento da secreção endógena de insulina devido à neoformação das células beta de Langerhans dos ductos pancreáticos. Com isso, há hiperinsulinemia persistente e hipoglicemia sintomática na ausência de insulinoma. Entidade rara em adultos, representando 0,5 a 7% dos casos de hipoglicemia hiperinsulinêmica.
Objetivos
Descrever a abordagem diagnóstica e evolução clínica de uma paciente com hipoglicemia de repetição secundária a nesidioblastose.
Descrição do Caso
Paciente, feminina, 32 anos, hipertensa, foi admitida com tremor, náuseas e lipotimia há 6 meses em vigência de hipoglicemia, melhorando após correção com glicose. Em investigação, realizado dosagem de insulina e peptídeo C séricos durante o episódio de hipoglicemia, que foi confirmada pela dosagem da glicose sérica, sendo resultado compatível com hiperinsulinismo endógeno. Além disso, afastado hipocortisolismo, distúrbios tireoidianos e outras disfunções endócrinas. Nesse contexto, optado por iniciar verapamil e prosseguir a investigação em conjunto com equipe da Endocrinologia. Realizado Ressonância magnética (RNM) de abdome com contraste e Ultrassonografia (USG) endoscópica, ambas sem alterações que justificassem o quadro, além de RNM de crânio para afastar causas centrais. Por hipoglicemias persistentes, optado por associar acarbose e octreotide. Como não esclarecida etiologia e paciente ainda com hipoglicemias apesar da terapia clínica, decidido por realizar cateterismo pancreático, o qual evidenciou medidas alteradas difusamente, sendo inconclusivo. Discutido com equipe de Cirurgia Geral do serviço e optado por abordagem cirúrgica com avaliação de USG intraoperatória, porém não encontrado foco responsável por produção hormonal excessiva, sendo então realizado pancreatectomia corpo-caudal. Paciente evoluiu sem novos episódios de hipoglicemias. Em biópsia pancreática, evidenciado nesidioblastose, elucidando diagnóstico da paciente.
Conclusões/Considerações Finais
Apresenta-se um caso raro de Nesidioblastose em paciente com hiperinsulinemia persistente e hipoglicemias refratárias a medidas clínicas, sem evidência de insulinoma em exames, com necessidade de cirurgia. Corrobora então com a necessidade de manter alta suspeição clínica para esse diagnóstico diferencial durante a investigação de hiperinsulinemia com exames de imagem inconclusivos.
Área
Tema Livre
Instituições
Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP) - Pernambuco - Brasil
Autores
JULIO CESAR MOURA TAVARES DE LIMA, BÁRBARA LETTÍCIA DA SILVA BASTOS, LUCYELI LUNA LOPES DE AMORIM, JOÃO VICTOR LEAL BALBINO, GUSTAVO HENRIQUE DE SÁ MIRANDA CAVALCANTE FILHO