Congresso Pernambucano de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

QUANDO ÚLCERAS DIGITAIS NÃO CICATRIZAM: CONSIDERAÇÕES SOBRE O DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL NA ESCLEROSE SISTÊMICA

Introdução/Fundamentos

A presença de vasculopatia não vasculítica em pacientes com esclerose sistêmica (ES) pode levar a fenômenos vasculares clássicos como fenômeno de Raynaud e formação de úlceras e isquemias digitais. Causas mais frequentes de úlceras vasculares, como doença arterial obstrutiva periférica ou insuficiência venosa crônica, são inicialmente investigadas e tratadas. No entanto, diante da ausência de resposta clínica associada a outros sinais sistêmicos, deve-se pensar na possibilidade de esclerose sistêmica como diagnóstico diferencial.

Objetivos

Relatar um caso cujo diagnóstico de ES foi aventado por refratariedade ao tratamento de úlceras digitais.

Descrição do Caso

Mulher, 55 anos, em seguimento ambulatorial com equipe de cirurgia vascular, com tratamento clínico otimizado para doença arterial obstrutiva periférica (DAOP), com persistência de úlceras digitais profundas e surgimento progressivo e rápido de novas úlceras em quirodáctilos e pododáctilos. Diante de ausência de resposta terapêutica esperada, solicitada avaliação da clínica médica. Ao revisitar a história clínica e exame físico, paciente com relato de fenômeno de Raynaud importante, esclerodactilia e telangiectasias. Solicitado painel autoimune com positividade de FAN 1:640 em padrão pontilhado fino, anti-centrômero positivo em altos títulos 1:1280 e elevação de VHS, sendo diagnosticada com esclerose sistêmica cutânea limitada. Iniciado tratamento para vasoespasmo com sildenafil e anlodipino em doses otimizadas, com melhora significativa do quadro nas primeiras 3 semanas de seguimento. No entanto, apesar de boa resposta inicial, por limitação de otimização terapêutica por custos financeiros, evoluiu com progressão de lesão em 4º pododáctilo esquerdo, com necrose seca e autoamputação parcial, necessitando de internamento em hospital terciário para programação de abordagem cirúrgica pela cirurgia vascular.

Conclusões/Considerações Finais

Diante de pacientes multicomórbidos, é essencial o reconhecimento de sinais ou sintomas que possam aventar diagnósticos diferenciais que justifiquem ou agravem o quadro principal do paciente, de forma mais precoce. O reconhecimento do vasoespasmo grave presente na esclerose sistêmica, associado a DAOP, possibilitou a melhor otimização terapêutica de paciente com úlceras refratárias, com objetivo de amenizar complicações irreversíveis e melhora de qualidade de vida.

Área

Tema Livre

Instituições

Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira - Pernambuco - Brasil

Autores

ALAN WESLLEY TEIXEIRA XAVIER, Gustavo Henrique Alcântara Batista Melo, Amanda da Silva Brito, Flavio José Siqueira Pacheco, Daniely Sobreira Cariry Barbosa