Dados do Trabalho
Título
SÍNDROME DRESS SECUNDÁRIA AO USO DE MORFINA: RELATO DE CASO
Introdução/Fundamentos
A Síndrome de Reação a Fármacos com Eosinofilia e Sintomas Sistêmicos (DRESS) é uma reação de hipersensibilidade com longo período de latência, caracterizada por erupção cutânea medicamentosa, anormalidades hematológicas e comprometimento sistêmico.
Objetivos
Relatar o caso de um paciente que desenvolveu a síndrome DRESS secundária ao uso de morfina, contribuindo para o reconhecimento e manejo dessa condição na prática clínica.
Descrição do Caso
Mulher, 59 anos, portadora de hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia e transtorno depressivo maior, em uso de Losartana 50mg/dia, Atorvastatina 40mg/dia, Carvedilol 6,25mg/dia e Sertralina 50mg/dia, foi internada para investigação de dor abdominal, hiporexia, vômitos e perda ponderal de 25kg em 4 meses. Realizada tomografia computadorizada de abdome com contraste com achados sugestivos de pancreatite aguda complicada com infarto esplênico, trombose segmentar de veia esplênica, conversão cavernomatosa da veia porta, aumento das dimensões pancreáticas e necrose encapsulada. Exames laboratoriais sem alterações. A fim de obter melhor controle álgico, foi necessário uso de Morfina diária em doses progressivas. Cerca de 20 dias após início de opioide, paciente evoluiu com quadro de prurido e rash cutâneo em membros e tronco, refratário ao uso de anti-histamínicos. Exames laboratoriais revelaram eosinofilia de 2.315/μL (22,7%), sendo então prescrito Prednisona em doses progressivamente maiores de 40mg até 80mg. Associada a progressão de quadro cutâneo, com aparecimento de placas eritematosas e piora de eosinofilia para 5.548,8/μL (54,4%), apresentou fala lentificada, sonolência, desorientação e pico febril (37,9°C). Dessa forma, a síndrome DRESS com acometimento de sistema nervoso, secundária ao uso de Morfina foi considerada a principal hipótese diagnóstica, a qual foi ratificada com a melhora do quadro cutâneo e neurológico, além de laboratório com eosinófilos em curva de melhora 620/μL (7,2%) após uma semana da retirada da medicação.
Conclusões/Considerações Finais
A inclusão da síndrome DRESS na lista de diagnósticos diferenciais é essencial em pacientes expostos a novos medicamentos. Este relato demonstra a importância do reconhecimento de causadores atípicos da síndrome, bem como o impacto do tratamento precoce na obtenção de melhor prognóstico em pacientes acometidos.
Área
Tema Livre
Instituições
Hospital das Clínicas da UFPE - Pernambuco - Brasil
Autores
MARIA BEATRIZ SIQUEIRA DE ARAÚJO, MARIA LUISA MIRANDA NEVES BAPTISTA, ISABELA DIDIER SILVA, JOYCE MAIA ARCA, TÁCIO SALAMÉ HERSZENHORN