Congresso Pernambucano de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

Paracoccidioidomicose cutânea grave: um relato de caso

Introdução/Fundamentos

A paracoccidioidomicose (PCM) é uma micose sistêmica, causada pelo fungo Paracoccidioides brasiliensis, com alta prevalência no Brasil, principalmente nas regiões sul, sudeste e centro-oeste. A PCM é mais comum no sexo masculino, entre 30 e 60 anos, em trabalhadores da zona rural e tabagistas. Pode acometer pulmão, pele, linfonodos.
O itraconazol é a primeira escolha terapêutica para apresentações leves a moderadas de PCM, já formas graves e disseminadas é indicado a anfotericina B.

Objetivos

Relatar extenso acometimento da PCM e o efeito adverso de antifúngico em um paciente acompanhado na residência de clínica médica.

Descrição do Caso

G.V.S, 71 anos, ex-agricultor, residente no agreste pernambucano e morou por 3 anos no estado de Goiás há 12 anos. Tem câncer de próstata, hipertensão arterial e exposição ao tabaco. Procurou o serviço com queixa de perda ponderal, astenia e dor em extensa lesão acometendo região nasal, zigomática e orelha direita com evolução de seis meses. Realizou biópsia evidenciando paracoccidiomicose. Após discussão com infectologia, foi prescrito itraconazol 200mg/dia e antibioticoterapia venosa (vancomicina e piperacilina-tazobactam) devido exsudato purulento na lesão.
Nos exames admissionais, sorologias para hepatites virais, HIV, sífilis e teste rápido para Leishmaniose foram negativos. Nos exames de imagem chamam atenção linfonodomegalias em cadeias cervicais, supraclaviculares, axilares, inguinais e abdominais. Tomografia de toráx com sinais de broncopatia inflamatória. Ecocardiografia com insuficiência aórtica e fração de ejeção (Simpson) 66%.
Paciente evoluiu com discreta melhora da lesão, optado por iniciar anfotericina B de complexo lipídico (700mg/dia). Após o quinto dia de aplicação, é visto no exame físico ritmo cardíaco irregular, confirmando uma fibrilação atrial após eletrocardiograma. Foi realizada administração de amiodarona venosa, sem retorno ao ritmo sinusal. No sexto dia do tratamento com anfotericina, paciente apresentou lesão renal aguda e hipocalemia, atribuídos à administração do antifúngico.
Após 14 dias de anfotericina, paciente apresentou melhora da lesão e da função renal, superou distúrbios hidroeletrolíticos e recebeu alta com prescrição de itraconazol 200mg/dia por 1 ano.

Conclusões/Considerações Finais

A PCM é uma micose sistêmica com importante morbidade, por isso, tratamento precoce e adequado é necessário principalmente nas formas graves.

Área

Tema Livre

Instituições

HOSPITAL MESTRE VITALINO SES/PE - Pernambuco - Brasil, UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE - Pernambuco - Brasil

Autores

LETICIA GABRIELA SANTOS SOARES DE SANTANA, Wagner Neves Fernandes, Osmundo José Bezerra Xavier, João Tavares Clemente Neto, Matheus Ribeiro Barros Correia