Dados do Trabalho

Título

TOXICIDADE PULMONAR INDUZIDA POR AMIODARONA EM PACIENTE SEM DOENÇA PULMONAR PRÉ-EXISTENTE: UM RELATO DE CASO

Introdução/Fundamentos

Estudos revelam que a toxicidade pulmonar está entre os efeitos adversos mais graves da amiodarona, apresentando uma incidência aproximada de 1 a 5% entre seus usuários. Sua patogênese ainda não é compreendida e, dentre as hipóteses, a droga apresenta alta afinidade tecidual pelo pulmão, além de seu metabólito ativo (monodesetilamiodarona) exibir atividade citotóxica. Dentre as formas de doença pulmonar envolvidas, destacam-se a pneumonite intersticial (mais comum), pneumonite eosinofílica, pneumonia organizadora, síndrome do desconforto respiratório agudo, hemorragia alveolar difusa e derrame pleural. São fatores de risco a dose cumulativa da droga e o aumento da idade do paciente. Há início insidioso de tosse não produtiva e/ou dispneia, podendo estar associada a febre, dor pleurítica, perda de peso e mal-estar.

Objetivos

Relatar um caso de toxicidade pulmonar induzida por amiodarona em uma idosa cardiopata sem doença pulmonar prévia.

Descrição do Caso

Mulher, 74 anos, com dor torácica, inframamária à direita, irradiada para o dorso, há 4 dias, com piora ao decúbito dorsal e melhora ao sentar. Sem dispneia, febre ou hemoptise. Estavam presentes ao laboratório, leucocitose discreta com neutrofilia, curva de troponina negativa e NT-proBNP baixo. Sorologias de influenza e covid-19 não reagentes. Eletrocardiograma apenas com bloqueio atrio-ventricular de primeiro grau. Tomografia de tórax sem contraste com sinais de congestão e consolidações pulmonares hiperatenuantes em bases e aumento da atenuação hepático, achados compatíveis com toxicidade pulmonar por amiodarona. Após revisão de literatura, além de descontinuado a amiodarona, foi iniciada prednisolona 60mg/dia. Paciente segue internada em ambiente de terapia intensiva, estável clínica e hemodinamicamente, em melhora.

Conclusões/Considerações Finais

O diagnóstico da toxicidade pulmonar induzida por amiodarona continua desafiador, uma vez que é de exclusão e que muitas outras patologias mimetizam o quadro, necessitando de biópsia pulmonar e/ou lavado broncoalveolar em situações específicas, se não melhora dos sintomas a despeito da cessação da droga e uso de glicocorticóides. Por se tratar de uma entidade pouco difundida, é edificante a disseminação de casos conhecidos para aumentar sua suspeição clínica entre a comunidade médico-científica.