Dados do Trabalho

Título

Aspectos sociodemográficos e distribuição da Leishmaniose Visceral nas macrorregiões de saúde de Pernambuco entre 2018 e 2022

Fundamentação/Introdução

Fundamentação/introdução: A Leishmaniose Visceral (LV) é uma doença crônica, infecciosa e sistêmica, que acomete sobretudo populações com baixas condições socioeconômicas, sendo considerada uma doença negligenciada e endêmica no Brasil. O Nordeste concentra mais da metade das notificações e Pernambuco ocupa o terceiro lugar em número de casos da região, evidenciando a LV como questão de saúde pública do estado.

Objetivos

Objetivos: Analisar os aspectos epidemiológicos da LV entre janeiro de 2018 e dezembro de 2022 em Pernambuco, bem como sua distribuição nas diferentes macrorregiões de saúde do estado.

Delineamento e Métodos

Delineamento e Métodos: Estudo observacional, descritivo e quantitativo realizado com dados secundários coletados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), referentes a notificação de LV em Pernambuco e suas macrorregiões de saúde no período de 2018 a 2022. Para cálculo das taxas de incidência, foram utilizadas estimativas populacionais disponibilizadas no Departamento de Informática do SUS (DATASUS).

Resultados

Resultados: Foram notificados 725 casos de LV no estado, sendo: 200 casos em 2018, 181 em 2019, 113 em 2020, 101 em 2021 e 130 em 2022. No período estudado, cerca de 33% dos casos ocorreram na macrorregião Metropolitana, seguida pela do Vale do São Francisco e Araripe com 31,7%. A taxa de incidência foi maior na macrorregião do Vale do São Francisco e Araripe - chegando a 6,9 casos/100.000 habitantes, seguida pela do Sertão e do Agreste, enquanto a macrorregião Metropolitana alcançou 1,28 casos/100.000 habitantes em sua maior marca. Ao comparar as demais variáveis epidemiológicas, notou-se um predomínio no sexo masculino (68,8%, n = 499), em pardos (74,3%, n = 539) e naqueles com ensino fundamental incompleto (25,1%, n = 182). Foram observados dois picos de incidência de acordo com a faixa etária: de 1 a 9 anos (25,6%, n = 186) e de 20 a 39 anos (25,4%, n = 184).

Conclusões/Considerações finais

Conclusões/Considerações Finais: Houve uma queda nas notificações entre 2020 e 2021, com ascensão em 2022 - o que indica uma possível subnotificação devido a pandemia por COVID-19. Quando considerada a densidade demográfica, ficou evidente a concentração dos casos na macrorregião do Vale do São Francisco e Araripe, o que denota a necessidade de medidas para um melhor controle da LV na área. A predominância dos casos nas populações mais socialmente vulneráveis, como crianças e pessoas com baixo grau de escolaridade, reforça a necessidade de reestruturação das políticas públicas vigentes.