Congresso Pernambucano de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

EXÉRESE DE DERMATOFIBROSSARCOMA DE COURO CABELUDO COMPLICADA COM OSTEOMIELITE: RELATO DE CASO

Introdução/Fundamentos

O dermatofibrossarcoma protuberante(DFSP) é um tumor fibro-histiocítico de baixo a intermediário grau de malignidade, de crescimento lento, com leve predileção pelo sexo masculino e ocorre mais frequentemente na faixa etária de 20 a 50 anos de idade. Possui tendência acentuada de recorrência local e possui o tratamento cirúrgico como primeira linha terapêutica, tendo como opções a Excisão Local Ampla (ELA) ou a Cirurgia Micrográfica de Mohs (CMM). A região de couro cabeludo apresenta-se como terceira topografia mais frequente, aproximadamente 5%(cinco por cento) dos casos, tornando-se um desafio devido à proximidade encefálica. A osteomielite de calota craniana como complicação cirúrgica da exérese de tumor dermatológico é uma condição extremamente rara e pouco descrita.

Objetivos

O objetivo deste trabalho é descrever um raro caso de osteomielite frontoparietal bilateral por Pseudomonas aeruginosa como complicação de exérese de dermatofibrossarcoma de couro cabeludo, uma vez que representa um desafio terapêutico, não só pela possibilidade de recorrência da lesão neoplásica, como também pelas complicações locais com alta morbidade, pouquíssimo relatadas em literatura médica.

Descrição do Caso

Paciente do sexo masculino, caucasiano, 81 anos, submetido a procedimento cirúrgico em junho de 2023, sem intercorrências, devido lesão em couro cabeludo, com espécime de exérese medindo 2,8 x 2,6 cm e 0,7 cm de espessura, exibindo tumoração parda, vegetante, medindo 1,8 x 1,7 cm, 1,3 cm de profundidade. Em avaliação histopatológica evidenciou-se neoplasia fusocelular com atipias citológicas de baixo grau, ulcerada, com áreas de degeneração mixoide infiltrando até tecido celular subcutâneo, com margens cirúrgicas comprometidas, uma lesão compatível com dermatofibrossarcoma. Após 07 meses, o paciente realizou novas abordagens cirúrgicas em janeiro e março de 2024 devido à evolução de ferida operatória (FO) com drenagem de secreção purulenta e acometimento de gálea aponeurótica, com íntimo contato com calota craniana, sendo feito transplante miocutâneo e implante de curativo especial. Após 22 dias do procedimento, evoluiu com quadro de febre com calafrios e saída de secreção purulenta por FO. Procurou Serviço de Pronto Atendimento (SPA) do Hospital Dos Servidores do Estado de Pernambuco (HSE), Recife, onde foi solicitado hemocultura e cultura de secreção, encaminhado para a enfermaria de Clínica Médica do HSE e iniciado Piperacilina/Tazobactam. Entretanto, após resultado da cultura com Pseudomonas aeruginosa resistente, o tratamento antibiótico foi trocado para Meropenem. Devido extensão da lesão, foi solicitado Ressonância Magnética (RNM) de crânio, que mostrou tecido celular subcutâneo de aspecto infiltrativo e edemaciado, com hipersinal T2 e captação heterogênea após contraste, calota craniana com sinais erosivos, caracterizada por baixo sinal T1, sinal heterogêneo em T2 e captação heterogênea após contraste, achados que corroboram a suspeita clínica de osteomielite. Após 15 dias de internação, evoluindo com melhora significativa no aspecto da FO e sem complicações locais ou sistêmicas, o paciente recebeu alta com continuação do tratamento em Home Care, com programação de realização por mais 06 semanas de antibioticoterapia.

Conclusões/Considerações Finais

O caso clínico do paciente descrito, diagnosticado com tumoração fusocelular com características de baixo grau, compatível com dermatofibrossarcoma de couro cabeludo, sendo submetido ao tratamento cirúrgico por ELA, ilustra a complexidade e os desafios associados ao manejo de neoplasias cutâneas invasivas, especialmente em pacientes idosos, neste caso em especial com complicação para osteomielite frontoparietal bilateral, um verdadeiro desafio terapêutico.
A condução do caso foi o tratamento com Meropenem com base no antibiograma de cultura de secreção da ferida operatória(FO). A resposta favorável ao tratamento evidenciada pela melhora significativa da FO e a ausência de complicações sistêmicas após 15 dias de internação, permitiu a alta hospitalar e a continuidade do tratamento em Homecare, permanecendo com seguimento ambulatorial precoce, apesar dos sinais radiológicos à Ressonância Nuclear Magnética permanecerem compatíveis com osteomielite.

Área

Tema Livre

Instituições

Hospital dos Servidores do Estado de Pernambuco - Pernambuco - Brasil

Autores

PEDRO RIO LEAL MORAES DE MELO, MARIA EDUARDA GRANJA FALCÃO, JOÃO MANOEL NEVES CASA NOVA, GABRIELLE SOUZA BARBOSA DA SILVA, MARIA DAS NEVES DANTAS DA SILVEIRA BARROS