Congresso Pernambucano de Clínica Médica

Dados do Trabalho


Título

Adenite aguda por Streptococcus equi na ausência de acometimento sistêmico: Um relato de caso

Introdução/Fundamentos

A infecção por Streptococcus equi em humanos é rara, havendo relatos potencialmente graves cursando com endocardite, bacteremia e meningite.

Objetivos

Apresenta-se o relato de uma paciente que desenvolveu adenite aguda supurativa com fistulização por S. equi, sem complicações sistêmicas associadas.

Descrição do Caso

Mulher, 33 anos, pós bariátrica tardia, com quadro de astenia, odinofagia, cervicalgia com piora à mobilização e febre há 04 dias da admissão. Ao exame físico, havia aumento de volume submandibular à esquerda e linfonodos móveis bilateralmente, dolorosos. Ultrassonografia evidenciava linfonodomegalia de aspecto heterogêneo em região cervical esquerda, com possíveis áreas de abscedação, compatível com adenopatia que se estendia à glândula submandibular. Exames laboratoriais mostraram Proteína C Reativa (PCR) elevada, sem leucocitose. A pesquisa de Streptococcus em orofaringe foi negativa. Iniciou-se antibioticoterapia com ceftriaxona e clindamicina, além de corticoterapia sistêmica. Houve melhora clínica e queda de PCR, mas recrudesceram sintomas após suspensão de corticoide. Foi realizada tomografia computadorizada de pescoço, em que persistia linfonodomegalia atípica com coleção que sugeria fistulização. Optado por linfadenectomia cervical para estudo, com anatomopatológico que evidenciava linfonodo com hiperplasia linfoide reativa e cultura revelava Streptococcus equi ssp equi. Não houve detecção de Mycobacterium tuberculosis em amostra. Paciente evoluiu com abscesso em região de manipulação, requerendo drenagem e escalonamento guiado de antibioticoterapia. Recebeu alta para finalização de terapia oral, com melhora clínica em retorno ambulatorial.

Conclusões/Considerações Finais

S. equi subsp. equi é uma bactéria que causa adenite e faringite em equinos, mais conhecidas como “garrotilho”. Humanos podem se infectar em contato com cavalos, mas há relatos de transmissão por cães, gatos e por consumo de leite não pasteurizado. A paciente apresentada possuía apenas contato com um cão, mas não havia relato de adoecimento. Essa bactéria liga-se às amígdalas palatinas e libera toxinas que geram linfadenite, normalmente com manifestações sistêmicas associadas. A infecção associada a humanos tem potencial aumentado para gravidade, especialmente em imunocomprometidos. É importante que, em caso de zoonoses, sejam realizados exames periódicos em animais domésticos. Neste relato, chamamos atenção para a variabilidade de apresentação da manifestação, mesmo em paciente sem exposição clássica.

Área

Tema Livre

Instituições

Hospital Santa Joana Recife - Pernambuco - Brasil

Autores

MAISA MACIEL DE ALMEIDA, Ana Sílvia de Mendonça Machado Barbosa de Oliveira, Carlos Tadeu de Oliveira Leonídio, Paulo Silveira Tasso