Dados do Trabalho
Título
Coexistência de neurotoxoplasmose e linfoma primário do sistema nervoso central em PV-HIVA: um diagnóstico post mortem
Introdução/Fundamentos
De acordo com o boletim epidemiológico do ministério da saúde de 2023, de 1980 à 2022 foram notificados no Brasil 382.521 óbitos tendo como causa base o vírus da imunodeficiência humana (HIV). O tropismo do HIV pelo sistema nervoso central (SNC) torna as manifestações neurológicas uma complicação frequente. A neurotoxoplasmose é um dos principais diagnósticos infecciosos nesse contexto e pode se apresentar como lesões supratentoriais de realce anelar na ressonância magnética (RNM) assim como o Linfoma Primário do SNC, podendo gerar dúvidas na investigação diagnóstica.
Objetivos
Relatar um caso da coexistência de neurotoxoplasmose e linfoma primário do SNC em paciente portador do HIV.
Descrição do Caso
Paciente, 57 anos, levado à emergência por primeiro episódio de crise convulsiva tônico-clônico generalizada. Há 3 meses vinha apresentando cefaleia, astenia e perda ponderal significativa. Tinha diagnóstico de HIV desde em 2011, mas sem tratamento regular.
Ao exame físico admissional apresentava confusão mental sem sinais focais.
Tomografia de crânio evidenciou lesão expansiva em região corticossubcortical temporal esquerda. Assim, foi iniciado sulfametoxazol/trimetoprim e corticoide. Seguida investigação com RNM de crânio com contraste com achado de múltiplas lesões parenquimatosas, a maioria pequena, com edema perilesional, e realce anelar de contraste, sugerindo etiologia infecciosa ou neoplásica. Em exames laboratoriais, carga viral > 600.000 cópias/ml, linfócitos TCD4 de 48/mm3 e liquor positivo para toxoplasmose com títulos de 1/256. Mantido Bactrim por 6 semanas em dose terapêutica evoluindo com pancitopenia e ajuste para dose profilática. No acompanhamento radiológico apresentou redução parcial das lesões nas RNM subsequentes. Optado por realizar biópsia das lesões, porém paciente apresentou rebaixamento do nível de consciência e déficit focal com nova imagem de crânio evidenciando piora do edema, sangramento, desvio da linha média e sinais de hipertensão intracraniana, evoluindo com insuficiência respiratória e óbito.
Cadáver enviado para serviço de verificação de e o histopatológico foi compatível com linfoma primário do sistema nervoso central.
Conclusões/Considerações Finais
Acometimento neurológico em PV-HIVA é frequente e potencialmente grave. Deve-se ter em mente que a sobreposição de diagnósticos é algo possível, principalmente no contexto de imunossupressão. O controle evolutivo com neuroimagem pode ajudar nos diagnósticos diferenciais, mas deve-se considerar estudo histopatológico em alguns casos.
Área
Tema Livre
Instituições
Hospital dos Servidores do Estado de Pernambuco - Pernambuco - Brasil
Autores
Beatriz Guerra de Holanda Barbosa, Lucas Zloccowick de Melo Christofoletti, Camilla Rolim Pagels, Victor Vieira Assis, Mario Luciano de Mélo Silva Júnior